terça-feira, 1 de março de 2011

Crônica Elevador.

O artefato utilizado para facilitar o transporte de pessoas, chamado de elevador, até hoje me fascina. Lembro a primeira vez que utilizei um objeto desses. A sensação foi como estar sendo tele-transportado.

Quando era criança, adorava os elevadores panorâmicos. Apertava no andar mais alto e descia até o térreo. Quando reunia alguns amigos  e  havia mais elevadores disponíveis, fazíamos competição de quem conseguia ir até o último andar e voltar ao térreo com maior rapidez.

Meu cachorro Todi, um simpático daschund, adorava os elevadores também. Não queria saber de usar as escadas. Assim que colocava suas patas para fora de casa, nos horários de suas passeadas, ia direto à porta do elevador. Sempre tive curiosidade de saber o que ele pensava quando entrava no elevador. Seria algo como: "Fantástico. É só entrar nessa porta, esperar alguns segundos, abrir a porta e estarei no lugar que desejar". Com certeza ele devia pensar que se tratava de uma máquina de tele-transporte. Uma vez  preguei-lhe uma "peça". Entrei no elevador, mas não apertei botão algum. Esperei alguns segundo e abri a porta do elevador no mesmo andar. Uma confusão mental tomou conta do cão. Deve ter pensando: "O que foi que deu errado dessa vez? Porque não estou onde queria?"

Mas voltando ao tópico inicial, a situação pode ser ainda mais cômica em se tratando de um Centro Empresarial. No interior desses arranha-céus, as mesmas pessoas se cruzam nos elevadores diariamente. Na maioria das vezes, nas mesmas horas do dia. Entretanto, limitam-se a uma tímida troca de olhares, "bom dia", "boa tarde, "boa noite, quando esses cumprimentos escapam da ponta da língua. Não sabemos nada dessas pessoas, mas a sensação de intimidade é grande, afinal, convivemos com esses estranhos-conhecidos todos os dias, em um relacionamento de elevador.

Cada elevador produz um sentimento (ou constrangimento) diferente. Trata-se de uma pequena comunidade formada por alguns segundos. Depois disso é dissolvida e outra comunidade é formada. Duas pessoas em um elevador é uma comunidade. Nestes segundos, podemos ficar a par da vida de outra pessoa, ter que aguentar um cheiro ruim, ver uma briga de namorados, admirar a beleza de uma mulher, etc. Os cinco sentidos ficam aguçados no interior dos elevadores. Vai ver é por isso estão colocando publicidade dentro dos elevadores.

Andar de elevador não é simples quanto parece. De repente perdi o fascínio por ele. Este momento pode guardar muitas emoções para poucos segundos de relaxamento. Por isso, agora, prefiro pegar escadas. De preferência rolantes.

Um comentário:

  1. Muito interessante o teu texto. Principalmente quando aborda o elevador como uma comunidade. Sempre digo que a tua tia Esmeralda é capaz de conhecer toda a vida de uma pessoa numa simples viagem do décimo andar até o térreo. Isso se for uma pessoa idosa. Se for um jovem do terceiro até o térreo já é suficiente. Essa tua preferência por escadas rolante pode representar uma certa fobia social. É melhor investigar. :)

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