quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A estagiariocracia, por Lênio Luiz Streck

A estagiariocracia 

(22.09.11)


Por Lênio Luiz Streck,
procurador de Justiça

Respeito muito os estagiários. Valorosa classe. Ainda não assumiram o poder porque não estão bem organizados.

Deveriam aderir à CUT. Em alguns anos, chegariam lá. Dia desses veremos os muros pichados com a frase: “todo o poder aos estagiários”. 

Eles dão sentenças, fazem acórdãos, pareceres, prendem, soltam, elaboram contratos de licitação, revisam processos...

Respeito profundamente os estagiários. Eles estão difusos na República. Jamais saberemos quantos são. E onde estão. Algum deles pode estar com você no elevador neste momento. Ou em uma audiência. Ou no Palácio do Governo.

E pode estar controlando o seu vôo. Uau!

A Infraero tem muitos estagiários. Torço para que eles sejam tão bons quantos os que estagiam no meu gabinete. Estagiários de todo mundo: uni-vos. E estocai comida. E indignai-vos face à exploração a que estão submetidos.

Quando chegardes ao poder, por favor, poupem-me! Sou da “base aliada dos estagiários”. Mas não fico exigindo liberação de emendas parlamentares.

Eu apoio sem chantagear! E não peço para a “base aliada” colocar minha mãe no TCU. E nem mando a conta do dentista. E não moro em hotel pago por um escritório de Advocacia.

E nem recebo o presidente da Petrobrás no meu quarto. Aliás, nem o conheço.

Lenio@Leniostreck.com.br 


Fonte: Espaço Vital

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

As palavrinhas mágicas...

Ainda quando criança, fui educado - se não me falha a memória - que existiam algumas “palavrinhas mágicas” que deveriam ser usadas em circunstâncias do nosso cotidiano: "por favor", "obrigado", "desculpa", "com licença", "pois não", etc. Na mesma linha de um post anterior, Como usar um elevador..., acredito que as pessoas estão encontrando dificuldades em utilizar estas palavras ou não foram preparadas para dizê-las . Por isso, resolvi escrever esta homenagem às antigas, ultrapassadas e "demodê" palavrinhas mágicas!!

Vou dar um exemplo para esclarecer...

Quando vou ao cinema, gosto de sentar nos acentos que se localizam nas pontas das fileiras para pode esticar as pernas. Uma vez, já sentado esperando o filme começar, uma moça se aproxima de mim com a intenção de passar, e, assim, se acomadar lá pelo meio da fila. Fintei seus olhos e esperei que a moça proferisse a palavrinha mágica: "com licença, poderia passar, por favor". Juro que não precisava ser nada tão formal. Um mísero "por favor" já bastava!! Mas nenhuma palavra saiu de sua da boca!  Ela, flagrantemente, não sabia da existência das palavrinhas mágicas.

De repente, usá-las esteja um pouco "demodê". Quem sabe as palavrinhas mágicas tenham até sido derrogadas pelo legislador social, que somos todos nós. De repente... de repente... de repente! No entanto, quem quiser alguma coisa de mim terá que usá-las. Sem as palavrinhas mágicas eu não funciono! A sorte desta moça é que ela estava acompanhada por alguém que as conhecia. O namorado tinha conhecimento da existência das tão antigas palavrinhas. Por isso desloquei as pernas e os deixei passar. Se não fosse por ele, aposto que ela não teria conseguido assistir ao filme na mesma fila que eu.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Um pouco mais de poesia...


      MINHA MUSA
(Álvares de Azevedo)

Minha musa é a lembrança
Dos sonhos em que eu vivi,
É de uns lábios a esperança
E a saudade que eu nutri!
É a crença que alentei,
As luas belas que amei
E os olhos por quem morri!

Os meus cantos de saudade
São amores que eu chorei,
São lírios da mocidade
Que murcham porque te amei!
As minhas notas ardentes
São as lágrimas dementes
Que em teu seio derramei!

Do meu outono os desfolhos,
Os astros do teu verão,
A languidez de teus olhos
Inspiram minha canção...
Sou poeta porque és bela,
Tenho em teus olhos, donzela,
A musa do coração!

Se na lira voluptuosa
Entre as fibras que estalei
Um dia atei uma rosa
Cujo aroma respirei...
Foi nas noites de ventura,
Quando em tua formosura
Meus lábios embriaguei!

E se tu queres, donzela,
Sentir minh'alma vibrar,
Solta essa trança tão bela,
Quero nela suspirar!
E dá repousar-me teu seio...
Ouvirás no devaneio
A minha lira cantar

Álvares de Azevedo, Minha Musa in Lira dos Vinte Anos, 1853.

Fonte da Foto: http://fredbar.sites.uol.com.br/lira.html

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Como usar um Elevador...



Tenho percebido que algumas pessoas estão encontrando enormes dificuldades em utilizar tão fantástico artefato que é o elevador. Se pudesse escutar os pensamentos alheios, juro que ouviria um "ai meu Deus!! Como  uso essa coisa?"

O desespero começa no momento em que ela se depara com aquela quantidade “espantosa” de botões (dois). A pessoa não sabe qual apertar para subir ou descer! Na dúvida, óbvio, aperta os dois. 

O incrível é que os problemas desta pessoa não param por aí, continuam no momento em que o display eletrônico do elevador acusa sua aproximação do andar desejado: "será que ele vai parar mesmo? Será que ele vai passar reto? Será que...?". 

Quando, finalmente, o elevador chega ao andar desejado, e abre suas portas, quase que como um passe de mágica, incrédula do ocorrido, a criatura projeta-se com uma velocidade assustadora para dentro, quase que como se fosse caçar o elevador fujão.  

Por isso, com o fito de esclarecer alguns procedimentos "sociais" a respeito de como se utiliza um elevador, bem como facilitar a vida de pessoas que assim agem, aí vão algumas dicas:

1º A Arte de usar um elevador é muito simples. De início, pode parecer que se trata de uma máquina futurista e complexa, mas não é! Para utilizar um elevador,  aproveite a lógica mais elementar que conhece. A mesma que os cientistas usam nos Macacos. Quadrado no quadrado, retângulo no retângulo... para cima, sobe e para baixo, desce. 

Simples, não!

2º Não tente mandar no elevador. Se este texto é novidade para você, provavelmente o elevador é mais esperto. Não tente enganar ele apertando os dois botões, subir e descer, se você quer apenas subir. Não importa se o elevador está no 10º andar e você no Térreo. Pense sempre no que você quer fazer. Quero subir? Aperta para cima. Quero descer? Aperta para baixo. 

Assim, por exemplo: se você está no andar Térreo, o elevador no 6º andar, e você quer ir ao 7º andar, o botão correto é a flecha para cima. Repare que o elevador vai descer para te pegar e vai subir novamente. Ou seja, para você que pensava que teria que apertar o botão para baixo, já que o elevador terá que descer para te apanhar, ledo engano! O elevador está uma jogada na sua frente!

Se, no mesmo exemplo anterior, você quer descer para o subsolo, o botão correto é a flecha para baixo. Grife-se, neste último exemplo, que a opção pela flecha para abaixo é apenas uma coincidência da sua vontade com o trajeto do elevador, que terá que descer até você e até o andar que deseja. 

Deste modo, na hora de apertar um dos dois botões do elevador, pense sempre para onde você quer ir! Só isso! Não tente mandar no elevador.

3º Salvo algumas exceções, pode-se confiar plenamente no display eletrônico do elevador. Normalmente ele acusa o certo! Não se surpreenda quando ele abrir as portas no andar em que o display acusava que ele estaria. Não é mágica alguma! Por isso, não é necessário atropelar a todos e sair correndo para dentro do elevador. Ele é muito receptivo e aposto que irá esperá-lo entrar para fechar suas portas e seguir viagem tranquilamente.

4º Por derradeiro, resta a questão da ordem em que as pessoas entram e saem do elevador. O elevador não é para uso exclusivamente seu. Por isso, provavelmente, quando ele abrir suas portas terão pessoas em seu interior. Algumas delas irão querer sair, por já chegarem ao andar desejado. Espere as pessoas  saírem para, logo em seguida, você  entrar.

Reitera-se, não é necessário atropelar ninguém. Primeiro quem está dentro sai. Depois, quem está fora entra. Nesta ordem!

Espero poder ter ajudado, facilitando a vida de todos. Qualquer dúvida, estou aqui para saná-la!

* Fonte da Foto: http://niqueneime.wordpress.com/category/besteira/

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Um pouco de poesia...

Soneto do amor total


Amo-te tanto meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te enfim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.


(Vinícius de Moraes)


Fonte da foto: http://www.culturamix.com/cultura/escolar/vinicius-de-moraes
Fonte do texto: http://www.fabiorocha.com.br/vinicius.htm