sexta-feira, 4 de março de 2011

Impressões de um Pós-Moderno, por Fabrício Maia.

Este texto é de autoria de um grande parceiro de pesquisa, Fabrício Maia.


Nasci nos anos 80, vivi minha infância e pré-adolescência nos anos 90 e grande parte da minha carga cognitiva é construída nos anos 2000. Penso e me pergunto: Por que não pensar naqueles que me trouxeram até aqui?
Eis que resolvi escrever um pequeno e modesto texto com as impressões de um pós-moderno, atrelado à internet e as  mazelas que somos expostos, incluindo relações virtuais, literalmente. Não vemos mais o rosto do outro, mas apenas a "persona" por aquela indicada em sua página social.
Nada do que vivemos aqui é fruto do acaso, ao contrário, quando nos posicionamos e observamos que somos sujeitos da pós-modernidade devemos entender que o paradigma da modernidade, anterior ao nosso atual estado, e suas verdades absolutas foram desmanchadas na Segunda Guerra Mundial. E esse é o ponto nevrálgico do meu pensamento. E isso é uma construção humana da qual jamais poderemos nos esquivar.
Alguns podem estar se perguntando: O que a Segunda Guerra Mundial tem a ver com a minha vida hoje? Posso afirmar a estes que TUDO!
Lembro-me como se fosse hoje de uma colega de escola que um dia perguntou para um grande amigo meu: o que me importa a segunda guerra mundial? Ele de pronto respondeu e jamais esqueci: “Se tu tens o direito de comprar uma calça jeans, certamente, foi por conta da história dessa guerra”. E é essa marca histórica que todos devemos respeitar.
Imaginemos nós o mundo existente entre 1920(*) e 1945! Nazistas, comunistas, socialistas e liberais. Estados Unidos e União Soviética! Muita riqueza cultural, muitos objetivos e todos os dogmas jogados do caldeirão chamado Planeta Terra. Impossível essas diferenças não fervilharem.
A ruína de 1929, a ascensão do comunismo, o nascimento do Estado de bem estar social e Adolf Hitler. Quando o planeta viu-se com tamanha diversidade, mas com tanta intolerância em relação aos projetos de mundo existentes no período? Penso que nunca. A “verdade” dos projetos de mundo e a intolerância como fruto da Modernidade que visava responder sobre tudo, numa pretensa tentativa de colocar o mundo num trilho que levaria direto para à "certeza absoluta", apenas nos jogou em  mais uma Guerra, a mais sangrenta guerra de todos os tempos.
Claramente podemos ver que o mundo das certezas e dos rituais dogmáticos falhou. Apesar de todo o sofrimento e sangue derramado, todas as conquistas que foram efetivadas pelo significado da guerra, inclusive a inserção da mulher no mercado de trabalho e, portanto, no mundo das decisões, as novas concepções de direitos fundamentais que nascem no pós-guerra e que sustentam a base do pensamento do direito hoje, infelizmente, estão jogadas ao esquecimento.
Num mundo complexo, cada vez mais dinâmico e aberto uma reflexão é deveras importante.  Pensando na transformação que o sofrimento de muitos foi capaz de nos dar (exceto alguns países como Portugal que, vergonhosamente, ostenta um monumento em homenagem a sua posição neutra na Segunda Guerra) penso que um retorno à gênese da história recente é algo que nos remete a verificar o quão importante foram aqueles que um dia derramaram sangue por nós. Não foi apenas um crucificado, mas sim, milhões de almas que restaram destroçadas e que lutaram por seus ideais, ideais que hoje, como afirmou aquele meu amigo no inicio desse texto, nos faz “apenas” ser livres para comprar uma simples calça jeans. O real significado de um conflito de 71 anos atrás se encontra naquilo que a gente menos espera, e um olhar mais aguçado em cada representação daquele período pode ser, em larga medida, um antídoto contra as crises de identidade que vivemos na pós-modernidade.
Vivemos num mundo cujas pessoas queixam-se lançando disparates com uma frequência cada vez maior. Estas esquecem que para chegarmos ao atual estágio de liberdade e de proteção aos nossos direitos fundamentais muitos lutaram e morreram e por isso lanço o questionamento: será que era realmente isso que todos os envolvidos naquele conflito desejavam para nós, pós-modernos?

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