terça-feira, 8 de março de 2011

Crônica de Porto Alegre em férias.


Foto: Maurício Esteves
Há um tempo, Porto Alegre ficava absolutamente deserta durante as férias escolares, ocasião em que os "estrangeiros" se encaminhavam em peso "pra'praia". Entretanto, ao contrário do que todos pensam, hoje em dia esta situação não se sustenta. A cidade não fica vazia, mas entregue aos porto alegrenses. O trânsito circula melhor. As filas em estabelecimentos comerciais diminuem. As buzinas loucas dos estressados motoristas de carros não são ouvidas. E o nível de estresse das pessoas diminui. Parece que tudo flui melhor. A cidade fica tranquila e serena.

Os "estrangeiros", pessoas que habitam as ruas da capital por necessidade familiar, profissional ou interesse, acabam superlotando as ruas da cidade. Quando chega Dezembro, estes vão "pra'praia" e lá ficam até o final do Carnaval, quando retornam ao asfalto da capital e a rotina da cidade volta ao normal. Ficar em Porto Alegre durante estes meses parece quase um crime. Os "estrangeiros" ficam surpresos quando afirmo que ficarei por aqui durante as férias. A sensação de ficar na cidade é a mesma de estar cometendo um crime.

Todavia, o crime de ficar na cidade compensa. Pegar um ônibus de tardezinha no centro passa a ser uma atividade tranquila. Nos restaurantes, bares, teatros e cinemas não se percebe a usual batalha por lugares. Trata-se da melhor época para ficar em Porto Alegre. Quando ela fica entregue aos porto alegrenses. Filosofia na qual me filio ao grande Luis Fernando Veríssimo.

3 comentários:

  1. Adorei. Sou suspeita, mas está muito bem escrito, impecável, assim como você. Tem futuro esse garoto!

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  2. Não seria de um bairrismo simplista acreditar que o bom portoalegrense (aquele que não é estrangeiro)é aquele que não abandona seu castelinho (cidadezinha), mesmo naqueles momentos em que tomos debandam (como se traidores da cidade fossem)?
    Se esse for o "bom-portoalegrense", prefiro então não ser assim reconhecido, mas como um "bom-estrangeiro", que vai e vem pelas cidades do mundo (e por que não pelos mundos também?), sem peso na consciência de estar traindo a pátria, a cidade, ou qual fronteira quer que seja.
    Pois aquele que não pertence a cidade alguma, do mundo é cidadão. Aquele que não pertence a nenhum mundo, do universo é uma estrela!

    Aquele abraçãoo meu caro!!!
    Saudades das conversas nas manhãs na PUC!!!

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  3. Pois é o que eu digo, todos os problemas do mundo atual são devidos à super-população. :(

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